Brasil 2050, uma tentativa de desenhar o futuro, por Luís Nassif

Enquanto o noticiário se perde em irrelevâncias sem fim, o futuro vai sendo construído graças ao espaço aberto por Lula. 

Este conteúdo é parte do Projeto Brasil, uma plataforma de divulgação científica e políticas públicas, que enseja o debate para o desenvolvimento do país. Você também pode participar deste projeto, saiba mais aqui.

A mídia continua em discussões intermináveis sobre as frases de Lula, sobre a visita de Lula à Rússia, sobre o custo das viagens e outras quinquilharias que compõem o manual do Jornalismo das Irrelevâncias.

Há um vácuo político decorrente de dois fenômenos. O primeiro, da apatia de Lula para disputar a pauta política. O segundo, a incapacidade da mídia de divulgar o relevante.

Enquanto o noticiário se perde em irrelevâncias sem fim, o futuro vai sendo construído graças ao espaço aberto por Lula. 

O Brasil estreita relações com a China, com o Japão, com a Rússia, com a Europa, sem se afastar dos Estados Unidos. E há, pelo menos, 4 centros no governo construindo o futuro, juntando inteligência pública e privada. 

  • No Ministério da Indústria e do Comércio, o NIB (Nova Indústria Brasil); 
  • na Fazenda, o Projeto da Transição; 
  • no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Livro Violeta, com as conclusões da 5a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. 
  • E no Ministério de Orçamento e Planejamento o Brasil 2050, uma tentativa de montar um cenário para os próximos 25 anos, a partir dos programas em andamento.

Obviamente, não é um programa determinativo. É um modelo de planejamento que visa identificar as grandes linhas de desenvolvimento, definir as ações necessárias e as métricas para serem acompanhadas ano a ano, para identificar avanços, desvios, paralisações e retrocessos.

O programa está sendo elaborado com auxílio de instituições privadas, como a Fundação Dom Cabral, e de centros de inteligência do Estado brasileiro, como IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), TCU (Tribunal de Contas da União) e os Ministérios.

Até agora, o Brasil 2050 gerou três documentos básicos: um estudo sobre as megatendências globais; um relatório das entrevistas efetuadas no período; e uma síntese executiva dos estudos temáticos.

As Megatendências Mundiais

O trabalho identifica 14 mega tendências que impactarão o Brasil até 2050. Dentre elas:

  • transição demográfica;
  • aceleração das transformações tecnológicas;
  • mudanças globais e eventos extremos;
  • valorização da sustentabilidade e transição energética;
  • mudanças nos padrões de consumo

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O Relatório de Entrevistas

A partir das contribuições de 22 entrevistados, incluindo ministros, especialistas, gestores públicos, acadêmicos e empresários, levantaram-se os seguintes pontos.

  1. Conquistas do Brasil.

Houve o reconhecimento de avanços relevantes, como a estabilização econômica, a redução da pobreza, fortalecimento da proteção social, consolidação da democracia e avanços na educação, saúde e energia renovável.

  1. Vantagens competitivas

Entre elas, recursos naturais abundantes, mercado interno forte e relacionamento pacífico com os vizinhos.

  1. Desafios e fragilidades.

Os mais relevantes são a desigualdade social persistente, educação de baixa qualidade e infraestrutura defasada. Mas também problemas institucionais, como baixa segurança jurídica, burocracia excessiva e falta de planejamento estratégico. O que levou a uma dependência de commodities, tornando o país vulnerável às oscilações do mercado internacional.

Aliás, deve haver estudos sobre as relações entre preços de commodities e estabilidade política. Lula conseguiu espaço com o boom das commodities; enquanto o impeachment de Dilma Rousseff foi acelerado pela queda nas cotações.

  1. Movimentos globais e riscos.

O Brasil será impactado por mudanças como a digitalização, mudanças climáticas e envelhecimento da população. Além de incertezas geopolíticas, crises sanitárias, protecionismo e ameaças à democracia.

  1. Visão para 2050

Perseguir um modelo que tenha inclusão social, competitividade econômicas, sustentabilidade e fortalecimento institucionais.

  1. Estratégias para o futuro.

Propõem-se reformas estruturais, de melhoria da educação, promoção da inovação tecnológica e modernização da infraestrutura.

Nas ações sociais, sugere-se a reformulação de políticas de transferência de renda, ampliação de o à moradia e serviços essenciais.

A Síntese Executiva

Esses dados foram consolidados em uma Síntese Executiva, com as seguintes propostas:

1. Desenvolvimento Social e Garantia de Direitos

Erradicação da pobreza e redução das desigualdades: Prioridade para o Brasil, com foco em programas de transferência de renda e políticas integradas para a inclusão social.

  • Educação: Garantia de o equitativo e inclusivo à educação básica, com ênfase na redução da evasão escolar, principalmente no ensino médio.
  • Saúde: Adaptação do Sistema Único de Saúde (SUS) à nova dinâmica demográfica e climática, visando aumentar a cobertura e qualidade do atendimento, especialmente em áreas vulneráveis.
  • Previdência e Assistência Social: Garantia da sustentabilidade do sistema previdenciário diante do envelhecimento populacional e novas modalidades de trabalho.
  • Cultura e Diversidade: Valorização da cultura como fator de inclusão e identidade nacional, promovendo o o equitativo à cultura, especialmente nas periferias.

2. Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade Socioambiental e Climática

Cidades sustentáveis e resilientes: Adoção de soluções que integrem sustentabilidade e urbanização, visando a melhoria da infraestrutura e da qualidade de vida.

  • Descarbonização da economia: Planejamento para a transição para uma economia de baixo carbono.
  • Transição energética: Modernização da matriz energética para aumentar a produção e consumo de fontes limpas, como solar e eólica.
  • Transformação digital e inovação: Desenvolvimento de um ecossistema digital competitivo, com foco em inteligência artificial, segurança cibernética e inovação tecnológica.
  • Sustentabilidade hídrica e biodiversidade: Garantia do uso sustentável dos recursos naturais e da preservação ambiental, especialmente da biodiversidade.

3. Fortalecimento das Instituições Democráticas e da Soberania Nacional

Fortalecimento da democracia e das instituições: Desenvolvimento de um Estado mais eficiente e transparente, com foco na redução das desigualdades e na promoção da justiça social.

  • Segurança pública: Modernização da segurança pública com tecnologias avançadas, buscando a redução da criminalidade e maior proteção à vida.
  • Soberania nacional: Expansão do papel do Brasil na ordem mundial, com ênfase na integração regional e fortalecimento da posição geopolítica do país.
  • Defesa e soberania: Reforço das capacidades de defesa nacional, com foco na proteção das fronteiras e na modernização das forças armadas.

Visões de Futuro

O Brasil de 2050, segundo as projeções, será um país mais justo, inclusivo e sustentável, com um sistema de proteção social eficiente, o universal à educação e saúde de qualidade, e um modelo econômico sustentável que aproveita seu potencial de energia renovável e tecnologia. A segurança pública será integrada e eficiente, e o país será um líder global em cultura e sustentabilidade.

As ameaças

Não se deve esquecer (e agora as observações são minhas) que virando a esquina haverá um Bolsonaro, um Tarcísio ou a malícia política de um Michel Temer. E uma mídia que ainda não entendeu o conceito de políticas estruturantes com continuidade.

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4 Comentários

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  1. A mídia tradicional é instrumento de controle e opressão no estilo Goebells,não deram ou se deram foi superficial a comemoracao da Vitória(vergonha deles) sobre o nazismo,não são autorizados pelos seus patrões,não há independência ou imparcialidade,de uma vez por todas tiremos a nossa inocência é preciso haver um JORNALISMO PURO mas no contexto de superconcentração de mídias de um dono só está impossível haver isenção,LEMBREMOS(memória é libertadora)q até ONTEM a suposta e ISENTA internet nos ensinou e ensima muito para QUEM QUER APRENDER q há interferencia sim !!!

  2. Boa tarde Nassif, pensar o Brasil globalmente é algo fundamental pq o subdesenvolvimento é uma hidra com.muitas cabeças.
    Mas há uma lacuna nesse desenho que toca ao bem estar social e ao direito à cidade.
    O governo Lula não pode sonhar com um futuro para o povo onde a contemporaneidade seja somente o o universal à saúde e à educação, é fundamental o o universal à Cultura, ao esporte, ao lazer, ao acolhimento dos vulneráveis (sobretudo idosos e pessoas em situação de rua), à participação social na tomada de decisão, que deveria preceder acompanhar e suceder as políticas públicas locais.
    Isso produziria cidadania e mostraria que o desenvolvimento não é um fim em si, mas um projeto que deve na capilaridade transformar profundamente a vida do povo.
    Espero que o governo Lula possa ainda se sensibilizar a essa agenda que consolidaria cidadania e bem estar social.

  3. Ótima publicação! Importante para o conhecimento e o debate sobre as políticas de futuro que o Governo Lula 3 está elaborando!

    Considerando a recente viagem do Presidente Lula à Rússia e à China, combinando estes Projetos, o Projeto de Brasil se verifica bem encaminhado!

    A informação que precisamos está nos novos sítios e blogs da Mídia Independente, não atrelada aos banqueiros e ao que é velho, politicamente falando.

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