Xadrez da ultradireita de Trump e o fator Tarcisio de Freitas, por Luís Nassif

Os Estados Unidos estão, na prática, submetidos a um experimento ditatorial, com o presidente assumindo as funções de monarca.

Vamos por partes.

Peça 1 – o padrão da ultradireita mundial

O governo Donald Trump é a comprovação escarrada de que a ultradireita mundial – incluindo a brasileira de Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas – se vale do mesmo padrão desenhado por Steve Bannon e, por aqui, divulgado por Olavo de Carvalho.

  • Nacionalismo exacerbado.
  • Anti-imigração
  • Questionamento de todas as formas de regulação.
  • Hostilidade em relação a todos os organismos de defesa dos direitos individuais e coletivos.
  • Autoritarismo e centralização de poder.
  • Uso estratégico da desinformação.
  • Enfoque na segurança e na defesa do armamentismo.

O padrão se repete com a ultradireita de todos os países:

🇫🇷 França — Rassemblement National (RN) (antigo Front National, de Marine Le Pen)

  • Nacionalismo forte: “França para os ses”, rejeição da imigração muçulmana.
  • Ceticismo europeu: críticas pesadas à União Europeia.
  • Costumes: defesa de valores cristãos tradicionais.
  • Segurança: propostas duras contra crime e terrorismo.

🇮🇹 Itália — Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália) (Giorgia Meloni)

  • Nacionalismo: “Deus, pátria e família” é o lema.
  • Anti-imigração: forte oposição a fluxos migratórios vindos da África.
  • Costumes: discurso anti-LGBTQIA+ e defesa da “família tradicional”.
  • Soberania: críticas frequentes à União Europeia e ao “globalismo”.

🇺🇸 Estados Unidos — MAGA Movement (Donald Trump e aliados)

  • Nacionalismo: “America First” como bandeira principal.
  • Anti-imigração: muro na fronteira com o México, política de tolerância zero.
  • Anti-establishment: ataques constantes à imprensa e instituições tradicionais.
  • Autoritarismo: resistência a investigações, tentativas de minar resultados eleitorais.

🇧🇷 Brasil — Aliança com Bolsonaro / PL (Partido Liberal)

  • Nacionalismo: discursos fortes sobre soberania brasileira, Amazônia “não é de ninguém lá de fora”. E seguidores usando o verde e amarelo e rezando pelo país, apesar de seu líder bater continência para a bandeira americana.
  • Costumes: oposição à “ideologia de gênero” e defesa da família tradicional.
  • Anti-imigração e segurança: discurso contra imigração ilegal e foco em “bandido bom é bandido morto”.
  • Anti-elite: críticas a ministros do STF e a políticos tradicionais.

🇵🇱 Polônia — Lei e Justiça (PiS)

  • Nacionalismo católico: defesa da identidade polonesa cristã.
  • Ceticismo europeu: brigas com a União Europeia sobre Estado de Direito.
  • Anti-imigração: recusa em aceitar refugiados de países muçulmanos.
  • Costumes: políticas anti-LGBTQIA+ no nível municipal (“zonas livres de LGBT”).

🇭🇺 Hungria — Fidesz (Viktor Orbán)

  • Nacionalismo: “A Hungria primeiro”.
  • Anti-imigração: construção de barreiras físicas nas fronteiras.
  • Costumes: restrições a direitos LGBTQIA+ e forte controle sobre a educação.
  • Autoritarismo: concentração de poder e controle sobre a imprensa.

O papel de Steve Bannon

Por trás dessa internacionalização, há o papel central de Steve Bannon, que mantém conexões com Marine Le Pen (França), Matteo Salvini (Itália), Viktor Orbán (Hungria), Santiago Abascal (Espanha), e aliados de Bolsonaro (Brasil).

A divulgação se dá nas reuniões da AC (Conservative Political Action Conference), que tem braços no Brasil e na Hungria, e uma extensa rede de think tanks e portais de direita.

A estratégia é conhecida: a promoção dos “pânicos morais”, como medo da imigração da “ideologia de gênero”, e do uso de denúncias de corrupção contra adversários.

Peça 2 – Trump e a radicalização do modelo

Em muitos países, esses princípios se resumem a discursos contra qualquer forma de organização moderna – incluindo os estados nacionais. E valendo-se das táticas mais maliciosas.

O discurso anti-globalização, por exemplo, atinge diretamente as organizações multilaterais, que têm, entre suas atribuições, a defesa de direitos, mas também a articulação e a defesa dos estados nacionais.

Atacam a globalização, as instituições multilaterais, ao mesmo tempo em que reduzem radicalmente o poder de atuação do Estado e das instituições constituintes da democracia: Universidades, mídia, Justiça, políticas de inclusão etc. A ideia de pesos e contrapesos, que marca as democracias modernas, é jogada no lixo. Chegando ao poder, o objetivo único é o controle absoluto e o aprofundamento das desigualdades sociais e a implantação do governo dos bilionários e poderosos.

É o que ocorre com o governo Donald Trump no país que moldou o modelo democrático no século 20. Os Estados Unidos estão, na prática, submetidos a um experimento ditatorial, com o presidente assumindo as funções de monarca.

Na sexta-feira ada, a procuradora-geral Pam Bondi, em memorando interno, decretou o fim do sigilo de fonte e da proteção aos jornalistas. Disse que a mídia não deveria receber proteções de sigilo de fonte. Apoia uma “imprensa independente e livre”, mas, porém, contudo, todavia, o Departamento de Justiça investigará os registros telefônicos dos repórteres e – atenção! – interrogará ou prenderá jornalistas sempre que houver “divulgações não autorizadas que minem as políticas governamentais e causem danos ao povo norte-americano”. 

Ainda na semana ada, o governo Trump ordenou a prisão de uma juíza que recorreu à Constituição americana para impedir a deportação de um mexicano. A prisão foi feita pelo FBI. E o próprio diretor do FBI, Kash Patei, acusou a juíza Hannah Dugan, do tribunal federal de Milwaukee, no Wisconsin, de tentar obstruir a operação.

Os agentes do ICE (o departamento de imigração) tinham um mandado istrativo de prisão. A juíza questionou a validade do mandado e instruiu os agentes a procurarem o juiz-chefe do Tribunal.

No futuro será reconhecida como uma heroína da defesa da democracia, assim como a Universidade de Harvard. Agora, corre o risco de ser condenada a 6 anos de prisão.

Repetiu-se um episódio de 2018, com a juíza Shelley Joseph, do Tribunal Distrital do Estado de Massachusetts. Ela e um oficial de justiça foram acusados ​​de ajudar um imigrante indocumentado a escapar do Tribunal Distrital de Newton, em Newton, Massachusetts, antes que um agente do Serviço de Imigração e Alfândega pudesse detê-lo. Promotores federais foram incumbidos de processá-la. Posteriormente, já no governo Biden, ela foi inocentada.

Peça 3 – O padrão da mídia

Um dos principais componentes desse fortalecimento da ultradireita brasileira é uma futura vítima: a imprensa, encantada com o governador Tarcísio de Freitas e empenhada em uma campanha diuturna de desmoralização do governo, em tudo similar à que precedeu o impeachment de Dilma Rousseff.

Há várias maneiras de se mentir no jornalismo. A mais óbvia é a notícia falsa. Outras maneiras são a definição prévia do que se pretende, e a seleção dos fatos que se adequam a ela, as manchetes que não refletem o conteúdo.

Alguns exemplos recentes:

O que diz a matéria:“As vendas do varejo caíram 1,6% em março e, no digital, a queda foi ainda mais forte (12,8%). É o que um levantamento feito pela Stone, uma das principais plataformas de pagamento do país.O estudo (…) mostra uma tendência de queda que se acentua desde o fim do ano ado. No acumulado em 12 meses até março, a queda foi de 1,8%”.O que não se disse na matéria:“Os resultados desse mês nos mostram que, embora o resultado no comparativo com o ano ado seja negativo, quando olhamos para a evolução entre meses do primeiro trimestre de 2024, nota-se continuada tendência de melhora”, explicou Matheus Calvelli, pesquisador econômico, cientista de dados da Stone e responsável pelo levantamento.
No pé da matéria:“Segundo ele, até o momento o sindicato não recebeu nenhuma notificação da PF sobre as suspeitas. “Ficamos sabendo de tudo pela imprensa”, diz.Cavalo afirma estar tranquilo com relação às investigações. “Todos os pedidos de desconto em folha têm de ter ficha preenchida e assinada, com cópia de RG e F. A pessoa precisa ter consciência de que está se associando ao sindicato. Pedimos gravação de voz e foto da pessoa segurando crachá e dizendo que seu ato é voluntário”, declara”.Segundo as pesquisas, cerca de 80% a 90% das pessoas lêem apenas as manchetes.

O que diz a matéria:A intimação de Jair Bolsonaro em uma UTI após a sétima cirurgia em decorrência da facada na eleição de 2018 é um dos atos mais abjetos do Supremo Tribunal Federal nos últimos anos. Aliás, não lembro de nada tão indigno (…) A decisão é tão ruim que foi necessária a divulgação de uma nota para explicar o motivo da intimação ser realizada no hospital com o ex-presidente preso a inúmeros aparelhos, convalescendo após 12 horas de “cirurgia extensa”e de “grande porte”.Alguém tem dúvida de que Bolsonaro enfrenta novamente uma situação delicada envolvendo sua condição física?”O que ocorreu de fato:Dias após a cirurgia “extensa e de grande porte”, a UTI estava coalhada de seguidores e Bolsonaro gravou um comercial de um capacete vendido por ele, em sociedade com Nelson Piquet.Nenhum paciente em “situação delicada” recebe visitas na UTI.Todas as informações estavam disponíveis quando o jornalista manifestou sua indignação indecorosa.
O que diz a matéria:O governo Lula tem acomodado em conselhos de istração de estatais pessoas vinculadas ao PT e membros da gestão que não têm formação relacionada à área de atuação das empresas. A lei exige educação acadêmica compatível, além de experiência e reputação ilibada.Os modernos conselhos de istração equilibram conselheiros com conhecimento do setor e conselheiros com preocupações ambientais e responsabilidade social. A matéria tratou como escândalo e gerou um editorial indignado. Ignorância e má fé
O que diz a matéria“Pesquisador da FGV e responsável pela análise, Marcelo Neri: (…)“O lucro do pequeno negócio está subindo. Nunca foi tão alto quanto no final de 2024”A pesquisa se baseou em dados do Programa Acredita no Primeiro o, do governo federal.O que disseram Folha e Estadão:Nada.

Estadão e Folha transformaram-se nos veículos preferenciais desse jogo de desgaste da democracia, com a demonização diária do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal e a exaltação de Tarcísio de Freitas.

As lições de Otávio Frias eram de um jornalismo que ao menos aparentasse alguma isenção, abrindo espaço para ideias divergentes – embora mantendo a partidarização da primeira página e dos editoriais – e, com isso ampliando seu público e fortalecendo sua opinião.

O Estadão é historicamente parcial em relação a Lula, mas não a ponto de colocar Carlos Andreazza e José Roberto Guzzo como principais colunistas. O conservadorismo mais sólido de William Waack se perde nesse meio.

Mas a intensidade da Folha, na manipulação das notícias, espelha um sinal mais preocupante: a deterioração profunda na qualidade do jornal. Caminha para se tornar um jornal inexpressivo.

Do mesmo grupo, a Uol pratica um jornalismo de qualidade, abrindo espaço para opiniões divergentes e concentrando-se em reportagens de bom nível, assim como O Globo, o Valor e a GloboNews. 

Peça 4 – o fator Tarcísio

Tarcísio de Freitas tem todo o biotipo do ultradireitista clássico. 

  • Nasceu diretamente do militar-bolsonarismo.
  • Eleito governador de São Paulo, transformou a Polícia Militar em uma milícia armada. 
  • Não tem o menor pudor em privatizar empresas essenciais, sem nenhuma análise dos efeitos sobre os consumidores.
  • Propõe a privatização das escolas.
  • Investe decididamente contra a ciência e contra o meio ambiente, colocando à venda fazendas de pesquisa agronômica.
  • Ameaçou cortar 30% do orçamento da Fapesp e só recuou devido à reação geral.

Ou seja, nenhuma política estruturante e uma propensão sistemática para os grandes negócios com bens públicos.  E age estrategicamente. Não conseguiu, no início, avançar sobre as verbas da Fapesp e das Universidades. Mas é tudo uma questão de melhoria da correlação de forças.

No período do governo Bolsonaro, o tratamento à ciência foi similar:

  • 2020: A verba do FNDCT foi de R$ 5,7 bilhões, mas muitos desses recursos foram direcionados para áreas fora da ciência, o que gerou protestos na comunidade científica.
  • 2021: O orçamento para o FNDCT foi de cerca de R$ 4 bilhões, mas a maior parte foi contingenciada, ou seja, retida pelo governo federal devido à necessidade de ajuste fiscal.
  • 2022: O fundo ou a ser gerido de forma mais restritiva, com a comunidade científica apontando a diminuição dos recursos como um obstáculo ao avanço da pesquisa e inovação no Brasil.

Na tentativa de golpe de 8 de janeiro, a arma central era a mobilização das Polícias Militares dos estados. Foi necessária uma articulação do Procurador Geral da República e de procuradores estaduais, decretando estado de emergência para, com isso, obrigar as tropas a permanecerem nos quartéis.

Está aí o exemplo histórico do general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4a Região Militar, com sede em Juiz de Fora, que colocou suas tropas em direção a Brasília, movimento decisivo para o golpe contra Jango.

Alguém tem alguma dúvida sobre o comportamento da PM paulista, sob o comando de Tarcísio de Freitas e do matador Marco Antônio Derrite? Ainda está na memória o motim dos PMs de Fortaleza em 2020.

No ano ado, a PM paulista matou 760 pessoas. A cada dia que a, Derrite tem afastado coronéis legalistas e colocando no comando policiais ligados ao BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) com um largo histórico de violência.

O que seria a volta do bolsonarismo, com Tarcísio de Freitas à frente?

Peça 5 – os interesses imediatos da frente pró-Tarcísio

Nada disso parece sensibilizar a mídia. A expectativa de futuros grandes negócios à frente do governo federal, de uma possível privatização da Petrobras, de uma destruição da estrutura de estado, como Milei, de um suposto controle absoluto da economia pelo mercado, tudo isso cria uma fantasia que contamina pessoas e veículos da imprensa de pouca visão.

Cria-se um clima de radicalização com resultados previsíveis. Não se trata mais de encarar o governo jornalisticamente, criticando o que consideram erro, itindo os acertos, mas entendendo que tudo faz parte do jogo democrático. 

Claro que Lula erra, que o governo é politicamente medíocre. Mas há um conjunto enorme de políticas de reconstrução em andamento, em cima dos fundamentos da economia, seja na parte social, tecnológica, econômica. E se esconde esses fatos, esconde-se a maneira como Lula foi recebido no Japão, na China, os avanços da Nova Indústria Brasil, do programa de transição energética, dos avanços dos projetos estruturantes. Essa ignorância e má fé impede o aprimoramento de qualquer programa, porque a crítica não visa aperfeiçoamentos, mas a destruição.

Voltou o jogo do delenda-Lula, em tudo similar aos piores momentos da história, aos momentos que permitiram o advento do autoritarismo mais opressivo. Não há diferenças expressivas entre a ignorância das redes sociais e a linha editorial majoritária da mídia – com alguns soluços de racionalidade.

O preço do subdesenvolvimento é a eterna ignorância.

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7 Comentários

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  1. seremos tragados pela iltra direita depois de 2030, pois lula se reelegerá. ágora, já vivemos sob a balan̈ça de um poder judiciário corrrupto e fascista. para nós, da bass da pirâmide, que frequentamos os lugares populares, ja vivemos a violência do estado sem a justiça para equilibrar essa violência. ao contrário dos eua, aqui o judiciário endossa todos os terrores. vejamos um exemplo de terror: um desembargador do tribunal do trabalho manteve uma mulher negra escrava, sem dentes, sem educação, reduzida sua condição humana e, para se defender das acusações, o juiz simpesmente diz que a mulher é da família, e o stf endossa essa tese e permite o torturador ir visitar a vítima. o brasil acabou para nós da base social, mesmo que o governo auxilie com parca distribuição de bolsas remuneratórias. é o terror pois não são casos isolados de corrupção no judiciário

    https://jornalggn-br.noticiaspernambucanjornalggn-br.noticiaspernambucanas.com/brasil/2025/01/7044613-caso-de-domestica-escravizada-por-desembargador-mobiliza-autoridades.html

  2. Há muito furos na análise, o que era de se esperar, tamanha a pretensão de reduzir fenômenos políticos, circunstâncias históricas (ainda sequer analisadas com o distanciamento requerido) e enfim, atores totalmente distintos.

    Sim, o texto diz o óbvio:

    Os regimes de (mais) força são a porta se saída do capitalismo, a cada vez que seus processos se reciclam ou na menor presença de uma tímida chance de alteração de suas estruturas de funcionamento.

    Porém, o chamado “modo brasileiro” em nada, ou melhor dizendo, muito pouco se parece com o húngaro, ou com o estadunidense, ou o francês.

    Jair Bolsonaro não centralizou poder nas suas mãos ao contrário, pulverizou a gestão do Estado nas mãos de filhos, amigos, mulher e 6 mil militares, delegou tarefas importantes a auxiliares, e fazia questão de dizer que estava ausente de debates mais áridos, como na economia.

    Nacionalismo?

    Bem, o “nacionalismo” brasileiro é só cromático mesmo, porque nenhum movimento político que se subordina a uma matriz, como os bolsonaristas fazem em relação ao EUA pode ser nacionalista.

    E não é, pois a pauta é toda de entrega.

    Nesse sentido, os gorilas de 64 ainda tinham dentre eles alguns com esse caráter nacional desenvolvimentista, do jeito deles, é claro, mas hoje em dia, tratar esse pessoal de nacionalista é piada.

    Nacionalismo tem que ser expansionista, propor invasão de outros países, e os bolsonaristas sabem que essas FFAA não dão 5 min de guerra com a Bolívia.

    Outra coisa é a xenofobia, que funciona bem na Europa e EUA, mas aqui não tem apelo.

    Não temos crise migratória.

    Nossos episódios de xenofobia são específicos, como o caso do Mais Médicos, por exemplo.

    Ao contrário, os “patriotas” aqui acham interessante acolher venezuelanos, pois apresentam esse asilo como prova da falha de Maduro.

    Mais ou menos como os EUA fizeram com os cubanos.

    Então, assim como a xenofobia é seletiva nos EUA, por aqui também é diferente.

    A Europa escolheu os ucranianos.

    Essas diferenças mostram como os movimentos extremistas são diferentes, apesar de terem um ponto em comum, muito explorado por Bannon:

    A incoerência proposital, a volatilidade permanente.

    Sobre Tarcísio…

    Tarcísio não é, nem nunca será um extremista, ele é um danado de um oportunista…

    A extrema direita é a “faixa de mercado” que comportou bem ele, só isso.

    Ele não é acolhido pela família Bolsonaro como um nome de primeira escolha, nem é considerado confiável.

    A chamada parcela extremista “raiz” nesse país não ultraa 20% do eleitorado.

    Talvez menos, apesar do barulho.

    Aí a pergunta?

    Como Bolsonaro tem esse monte de intenções de voto?

    Falta uma análise sensata do tamanho e qualidade do nosso eleitor, e Nassif, também absorvido pelas paixões, não escapa dos efeitos do afobamento.

    O Brasil nunca votou na esquerda.
    Nunca.

    O arranjo de 2002 que elegeu Lula foi uma engenharia para vender ele como um candidato de centro (Carta aos Brasileiros).

    Sua base de governabilidade NUNCA foi mais a esquerda, nem quando o PT chegou a quase 100 deputados.

    Eu desafio qualquer um a dizer qual a medida dos quatro mandatos e meio do PT que foram DE ESQUERDA”.

    Ou sendo mais brando, que atingiu em cheio os 1% que detém 80% da renda nacional?

    Um medida apenas na direção de romper essa estrutura vergonhosa e assassina?

    Não tem, né?

    Os dados de violência, com vitimização de negros e mulheres, todos pobres, desde sempre revelam o teor violento do nosso capitalismo.

    A nossa produção cultural sempre cortejou a simbologia WASP dos EUA.

    Nosso caldo de cultura é um apanhado de misoginia, hipocrisia criminal, tudofobia, patrimonialismo, culto a desigualdade (chamada aqui de mérito) e intolerância religiosa disfarçada, isso tudo embrulhado em um sorridente pacote de carnaval voltado ao turismo sexual.

    Tem uns subgêneros também, como a sufocante moda bos(t)a nova, com os delírios de grandezas musicais de cosmopolitanismo jobiniano, enfim, um tipo de viralatismo endêmico, que no campo econômico achava que progresso era fabricar fuscas, enquanto 70% da população não tinha 3 anos de escola, e vivia com a barriga cheia de parasitas.

    É esse terreno fértil, adubado e regado com sangue de índios, pretos e pobres, que permite uma imensa massa conservadora, mas que se acha “muderna”.

    Lula, mesmo com o figurino centrão, nunca venceu no primeiro turno, nem Dilma, a pobre ainda tomou um golpe.

    Em nenhum momento o Congresso se pareceu com algo “progressista”.

    A direita sempre foi, e ainda é hegemônica nesse país (e no mundo ).

    Mas então para que essas alegorias assustadoras, tipo Lê Pen, ou Trump?

    Ora, justamente para impedir qualquer movimento anticapitalista, já que diante desses imbecis vociferantes, há os ainda mais imbecis da esquerda amedrontada, que se cagam de medo, e correm a fazer ainda mais acordos com “a direita civilizada”, nas chamadas “frentes democráticas”.

    Aqueles acordos caracu, onde a direita é a cara e…bem o resto vocês sabem….

    Resultado?

    10% de juros reais e ninguém abre o bico!!!!!

    Tarcísio?

    Bem, na história pós 1930, só dois governadores se elegeram presidentes, JK e Collor.

    E olha que JK, eu acho, estava senador quando virou presidente.

    Ou seja, o jogo brasileiro não permite que governadores sejam bem sucedidos nessa corrida.

    Tarcísio pode ser exceção?

    Duvido.

    Acho que ele, sendo bem esperto e sabendo desse dado, só vai vender caro seu lugar …

  3. A loucura de Mao Zedong durante a revolução cultural também tinha método, mas a China só não mergulhou numa guerra civil incontrolável porque Zhou Enlai foi encarregado de implementar a loucura expurgando-a dos aspectos estruturais mais volateis e de apagar os incêndios políticos e militares perigosos que ocorreram. Ao contrário dos EUA de Trump, a China na época era um país economicamente fechado e não promovia nenhuma guerra no exterior. E para piorar Trump excita a loucura diariamente sem ter um Zhou Enlai ao lado dele. O que está ocorrendo nos EUA pode facilmente escorregar para algo realmente fora de controle.

  4. “o exemplo histórico do general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4a Região Militar, com sede em Juiz de Fora, que colocou suas tropas em direção a Brasília”.
    Uai! Mas o Mourão não veio pro Rio onde foram recebidos pelo Corvo – Carlos Lacerda que cedeu o Maracanã par aquartelar as tropas golpistas.

  5. A minha preocupação é com Tarcísio de Freitas!! O genocida bolsonaro venceu a eleição contra Haddad armado de fake News tipo mamadeira de piroca e similares, digamos quando os fascistas estavam começando a se profissionalizar em fake News e outras armas. Hoje,a imprensa já elegeu tarcisio como seu candidato assim como a faria lima etc.. A direita está muito mais organizada. Combater Tarcísio parece ser hoje a tarefa mais importante e ele tem dados muitos motivos!! Se o povo está desmotivado cabe aos parlamentares iniciar denunciando as maldades do governo estadual. Cadê eles? Vejo apenas o boulos, o nabil… cadê os deputados estaduais?

  6. A esquerda colabora, pois não faz nada de propaganda contra Tarcisio. Tarcisio é um candidato com um “calcanhar” mais exposto do que o de Aquiles. Tem muita coisa para ser “explorada”. 1. Segurança Pública, uma das maiores vitrines de Tarcisio é um desastre. Pessoas mortas em bairros nobres e casos não esclarecidos. A PM sem controle, PM sempre foi violenta, mas não tinha casos de envolvimento com Corrupção, os segurança do Trader do PCC era da onde? 2. Obras paradas e trocas suspeitas de concessionárias. A Obra gigante da Castelo BRanco na altura de Alphaville tá parada a meses, trocaram agora a concessionária (sem licitação ou concorrência?, se não expor agora para desgastar não adianta, pq eles vão adequar o término a o calendário eleitoral. 3. Coisas pequenas mas que pesam no emocional, Tarcisio cortou a verba da Casa Hope que cuidava de crianças e adolescentes com Cancer e o Governo Federal assumiu o apoio. Tem muita coisa para expor o Tarcisio, faltam Nicolas de esquerda e sobram Rui Falcões e Pimentas

  7. A esquerda colabora com o crescimento de Tarcisio. Não sabemos fazer oposição no mundo digital, pior a esquerda espera manchetes de jornais. Precisamos de Nicolas de esquerda. Mas, que não falem de temas importantes (chega da agenda “Woke”). Tarcisio tem a segurança pública como propagandas, mas SP vive na insegurança total, suas politicas fracassaram na prática (gente morta nas ruas de bairros “nobres” e não solucionado). Obras com meses paradas (Castelo Branco), trocas estranhas de concessionárias (Via Oeste por Ecovias) e a esquerda não fala nada. Um assunto super sensível e que viralizaria muito, Tarcisio cortou a verba da Casa Hope que cuida de crianças com câncer e nada da esquerda abordar isto.

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