Augusto Cesar Barreto Rocha
Augusto César Barreto Rocha é Professor Associado da UFAM. Possui Doutorado em Engenharia de Transportes pela UFRJ (2009), mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC (2002), especialização em Gestão da Inovação pela Universidade de Santiago de Compostela-Espanha (2000) e graduação em Processamento de Dados pela UFAM (1998).

Infraestrutura e desigualdades: o Amazonas esquecido, por Augusto Rocha

Enquanto o diálogo institucional com o Amazonas seguir sendo o de retirada de recursos, continuaremos quase como uma colônia do Século XXI.

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Infraestrutura e desigualdades: o Amazonas esquecido

por Augusto Cesar Barreto Rocha

É ausente o esforço para reduzir as desigualdades da infraestrutura no Amazonas. O Estado nunca é prioridade. Seguimos a construir estradas nas demais regiões, com bilhões de Reais alocados. No panorama do setor rodoviário da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) há 65.000km de estradas pavimentadas. 

Entre 2023 e 2024 foram R$ 111 bilhões de investimentos em rodovias, pelo governo ou concessões, Brasil afora, segundo dados do SNTR/MT, SE/MT e ANTT. Há esforços para o Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e, mais recentemente, Rondônia. O alvo são as áreas mais ricas do país ou o atendimento da necessidade de infraestrutura para exportar. Somos um país pródigo de apoio para os ricos ou estrangeiros.

A redução das desigualdades começará quando as oportunidades de crescimento forem adas com infraestrutura. Seguimos a investir nas regiões mais abastadas, repetindo um padrão de comportamento histórico, onde o olhar da infraestrutura regional do Amazonas é para extrair recursos. Com isso, o Amazonas possui 17% de seu PIB com impostos, enquanto a média nacional é 15% e praticamente 0% para sua infraestrutura.

O Aeroporto Internacional de Manaus é rentável, com o terceiro maior volume de cargas do país, por isso foi concedido para a multinacional sa Vinci, que segue focada em aumentar os preços cobrados, ao invés de ofertar reduções de custos pelo melhor desempenho operacional ou para atração de mais voos e operações na região, seguindo a regra mais básica da economia.

Ao contrário da esperada redução de preços para o aumento da demanda, o que vemos é uma insistência para indexar os preços pela inflação ou mesmo considerar 13 meses para reajuste, ao invés dos 12 contratuais. O tal turismo na Amazônia segue sendo uma miragem, por mais que a concessão integre Manaus, Boa Vista, Porto Velho, Rio Branco, Tabatinga, Cruzeiro do Sul e Tefé. Onde estão os voos regionais com grande frequência? Por que ainda não existe um sistema forte de atração de turismo regional?

Enquanto o diálogo institucional com o Amazonas seguir sendo o de retirada de recursos, continuaremos quase como uma colônia do Século XXI. Há agora um renascimento do mercantilismo no mundo e existem esforços de quebra de um progresso que ainda não chegou. Precisamos começar a realizar a obrigação constitucional de redução das desigualdades regionais e o Amazonas possui muito mais potencial do que já realiza.

A oportunidade industrial trazida pela reforma tributária precisa ser potencializada e para isso a infraestrutura com um sistema aéreo mais competitivo, com a recuperação da rodovia BR-319 e um efetivo estudo sobre o que fazer na “hidrovia” do Amazonas para o trânsito de navios o ano inteiro. Apenas estas três ações trariam uma transformação regional e um potencial de contribuição gigante para o país. Será que estamos prontos para crescer e desenvolver, neste momento que o mundo abre uma janela de oportunidade?

Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.

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