STF abre inquérito contra Carla Zambelli por coação e obstrução de Justiça

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Moraes abre inquérito para investigar possível sabotagem de Zambelli à Justiça; PF vai monitorar redes sociais, rastrear PIX e colher depoimento

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A crise envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (4). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito para investigar suposta coação e tentativa de obstrução da investigação relacionada à invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), caso pelo qual Zambelli foi recentemente condenada a 10 anos de prisão pelo próprio STF.

A decisão intensifica as apurações em meio à fuga da parlamentar para os Estados Unidos, que é vista como uma possível manobra para dificultar o andamento do processo. Com base no despacho do ministro, a Polícia Federal (PF) a a coordenar a nova investigação, sob supervisão do STF. As medidas determinadas por Moraes incluem:

  • Depoimento de Carla Zambelli, que deve ser prestado em até 10 dias, com possibilidade de oitiva por escrito e notificação via e-mail;
  • Monitoramento de redes sociais, com preservação de postagens feitas por ela ou por aliados que possam ter relação com o inquérito;
  • Rastreamento de transferências via PIX, com o Banco Central obrigado a fornecer dados detalhados de valores e remetentes.

Na nova decisão, Moraes afirma que as declarações públicas da deputada indicam não apenas a intenção de escapar da pena, mas também a continuidade dos ataques às instituições democráticas. Para ele, Zambelli age em “reiteração das condutas criminosas” e tenta usar o território estrangeiro para desacreditar o Judiciário brasileiro.

Zambelli declarou à imprensa que está revendo a intenção de se mudar para a Itália e cogita pedir asilo político ao presidente norte-americano, Donald Trump. Para Moraes, isso reforça o plano de fugir da jurisdição brasileira e repetir o “modus operandi” de parlamentares bolsonaristas que atuam contra as instituições do exterior.

Prisão e Interpol

A decisão vem um dia depois de Moraes atender a outro pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou:

  • Prisão preventiva de Zambelli;
  • Inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol;
  • Bloqueio de contas bancárias, redes sociais, veículos e aporte.

Histórico

Vale ressaltar que a deputada acumula duas condenações no STF. A primeira, já transitada, resultou em 10 anos de prisão pela invasão ao CNJ. A segunda, ainda em julgamento, envolve o episódio em que sacou uma arma e perseguiu um eleitor de Lula (PT) durante o segundo turno das eleições de 2022. Nesse caso, seis ministros votaram por sua condenação a 5 anos e 3 meses, além da cassação do mandato. O julgamento está suspenso por pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Zambelli também é alvo de dois inquéritos sigilosos no STF: o das fake news e o das milícias digitais, que investigam ataques coordenados ao Supremo e tentativas de golpe após as eleições de 2022.

Na Justiça Eleitoral, foi condenada por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação, tendo sido cassada e declarada inelegível por oito anos — decisão que ainda aguarda recurso no TSE.

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