“Os atingidos por barragens serão os maiores prejudicados pelo PL da Devastação”, diz Marina Silva

Ministra do Meio Ambiente participou da abertura da Jornada de Lutas das Mulheres Atingidas por Barragens, alertando para riscos do novo PL do Licenciamento.

Marina Silva – Foto: Rogério Cassimiro/MMA

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta segunda-feira (2), durante evento da Jornada de Lutas das Mulheres Atingidas por Barragens: Para Enfrentar o Fascismo, a Crise Climática e Avançar nos Direitos, no campus universitário Darcy Ribeiro, da UnB, que os atingidos por barragens serão os maiores prejudicados caso o novo projeto de licenciamento ambiental seja aprovado na câmara.

Organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a mobilização ocorre até a próxima quinta-feira (5 ) e reúne cerca de mil mulheres de todo o país para pressionar o poder público por políticas de reparação e justiça ambiental.

Reprodução: Instagram @atingidosporbarragens

Entre as principais reivindicações das mulheres estão:

  • a regulamentação e aplicação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas (PNAB);
  • a criação de planos de segurança para as populações impactadas por barragens, grandes projetos e mudanças climáticas;
  • e o enfrentamento à devastação ambiental promovida pelo setor do agronegócio.

Críticas ao PL do Licenciamento Ambiental

Durante a abertura do evento, Marina Silva questionou o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental (PL 2.159/2021), recentemente aprovado no Senado. A ministra alertou para os riscos que o projeto representa especialmente aos grupos mais vulneráveis, como as comunidades atingidas por barragens.

Segundo Marina, o governo acompanhava dois projetos em tramitação desde o início do governo de Lula. O relatório do senador Confúcio Moura (MDB) era, nas palavras da ministra, “razoavelmente aceitável”. Porém, na véspera da votação, um terceiro projeto foi apresentado e acabou sendo o aprovado.

Marina, então, pediu tempo ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que o novo texto seja analisado com mais profundidade.

“O que nós precisamos é de tempo para debater, para ouvir a ciência, ouvir os movimentos sociais. Os atingidos por barragens serão os maiores prejudicados”, declarou a ministra.

Mariana e Brumadinho como alerta

Marina Silva pediu aos presentes que imaginassem se projetos como os das barragens de Mariana e Brumadinho tivessem sido aprovados com base em critérios menos rígidos e sem uma análise de danos indiretos da construção. “Os danos indiretos de um empreendimento podem ser ainda piores que os diretos”, alertou.

A ministra também abordou o dilema entre o desenvolvimento econômico do país e a urgência no combate à crise climática.

“Existem projetos que, de fato, são estratégicos. Mas quem foi que disse que o fato de ser importante para nós muda a lei da natureza? A lei da natureza não muda”, afirmou.

Para Marina, o licenciamento ambiental é fundamental para a fiscalização de empreendimentos privados e públicos. Mesmo que sejam projeto estratégicos para o país, o impacto ambiental precisa ser analisado, e com um lei de licenciamento já existente, são apontados problemas, uma nova lei que abre mais brechas em relação a fiscalização e licenças pode resultar em ainda mais tragédias.

Programação da Jornada

2 de junho

Tarde: Abertura da Jornada e da 1ª Feira de Integração Cultural das Mulheres Atingidas.
Ato político de abertura da Jornada, com presença da UnB.

3 de junho

Manhã: Continuação da 1ª Feira de Integração Cultural.
Tarde: Ato de denúncia dos altos juros.

4 de junho

Manhã: Ato “Políticas Públicas de Estado para a Reparação dos Direitos das Populações Atingidas”, com presença de ministros, parlamentares e órgãos do Estado.
Tarde: Mesa “Patriarcado e Violência: Os Desafios da Luta das Mulheres no Atual Contexto Histórico e o Legado das Lutadoras Atingidas”.
Lançamento do livro “Imprensados no Tempo da Crise: A Gestão das Afetações no Desastre da Samarco (Vale e BHP Billiton)”, de Flávia Amboss.

5 de junho

Manhã: Continuação da feira cultural.
Manhã: Marcha “Mulheres atingidas em defesa do meio ambiente – contra o PL da Devastação”.
Local: Concentração no Teatro Nacional (SCTS), Brasília (DF)
Horário: 09h

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