Deputados aprovam lei que permite chuva de veneno no Rio Grande do Sul

Camila Bezerra
Jornalista

Pulverização de agrotóxicos pode causar câncer e diversas doenças graves na população que vive no raio de até 32 quilômetros das lavouras

Crédito: Cenipa/ Divulgação

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, na última terça-feira (3), o  Projeto de Lei (PL) 442/2023, que declara a aviação agrícola como uma atividade de “relevante interesse social, público e econômico” no estado. 

Para o deputado Marcus Vinícius (PP), autor do projeto, a aviação agrícola é uma forma de garantir a segurança alimentar do país ao contribuir com a produção em 15 hectares no estado. 

“Além disso, a aviação agrícola é aplicada em várias outras frentes, como no controle de pragas, no combate a incêndios e até mesmo no transporte emergencial de cargas”, continua. 

Contraponto

A bancada do PT não aprovou a medida, que segue para a sanção do governador Eduardo Leite (PSDB). 

O deputado Adão Pretto Filho (PT) apresentou um projeto em 2023 para vetar a aviação agrícola com a finalidade de pulverizar agrotóxicos em lavouras, mas o projeto não ou na comissão de constituição e justiça da Assembleia Legislativa.

“Infelizmente, o parlamento votou pelo retrocesso. Ao aprovar o projeto que reconhece a aviação agrícola como atividade de interesse do estado, meus colegas estão colocando suas digitais em um projeto que é uma espécie de cheque em branco para o abuso de agrotóxicos aqui no RS”, declarou o deputado.

Saúde pública

A grande questão é que o projeto vai na contramão do mundo, uma vez que a pulverização aérea traz enormes prejuízos aos setores da vitivinicultura, da agricultura familiar orgânica e da apicultura, além de colocar em risco a saúde pública com a contaminação de alimentos, pessoas e meio ambiente.

Por isso, a prática de criar chuvas de veneno está proibida na Europa há mais de 15 anos. O Ceará também vetou a pulverização aérea, o debate foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), em ação protocolada pela Confederação Nacional da Agricultura, sob alegação de violação à livre iniciativa. 

Durante o julgamento, uma nota técnica foi enviada ao STF pelo Ministério da Saúde, uma vez que a chuva de veneno pode causar câncer, problemas respiratórios, deformação fetal, puberdade precoce, doenças neurológicas e até suicídio devido à intoxicação por agrotóxicos. 

A aplicação aérea de agrotóxicos também não é aconselhada porque pode alcançar uma distância de até 32 quilômetros da área alvo. Mais que a população, a medida pode impactar o meio ambiente e contaminar mananciais. 

*Com informações da Agência Brasil.

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1 Comentário

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  1. Não se espantem, é apenas uma das formas que o agrotóxico e seus representantes políticos utilizam para diminuir a pobresa,ou seja: Eliminando os pobres!

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