Lula cobra acordo Mercosul-UE e desafia Macron a superar ime com agricultores ses

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Em visita à França, presidente brasileiro pressiona por avanço no tratado comercial e destaca laços estratégicos com Paris

O presidente Emmanuel Macron recebeu Lula no Palácio do Eliseu, em Paris, em 17 de novembro de 2021. | Foto: Ricardo Stuckert/ © Lula Instagram

Durante visita oficial à França, o presidente Lula (PT) fez um apelo direto ao presidente Emmanuel Macron para que seu governo flexibilize sua posição e viabilize o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Após o encontro entre os dois líderes nesta quinta-feira (5), em Paris, Lula foi claro: o protecionismo europeu precisa ceder espaço ao diálogo e à cooperação.

Assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6 e não deixarei esse posto sem concluir o acordo com a União Europeia. Meu caro Macron, abra o seu coração ao nosso querido Mercosul”, declarou Lula.

Ao lado de Macron, Lula usou da diplomacia para pressionar o líder francês. “Esta é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do retorno do unilateralismo e do protecionismo tarifário“, afirmou, defendendo o multilateralismo em tempos de instabilidade global.

O brasileiro ainda comparou o retrocesso nas trocas comerciais entre os países com uma dança: “Em 2024, a balança comercial registrou US$ 9 bilhões, menos do que em 2012. Estamos andando para trás. Precisamos dar dois os à frente, como em um bom bolero latino-americano.

Macron argumenta sobre ime agrícola

Macron respondeu destacando a preocupação dos agricultores europeus com as diferenças nas regulamentações ambientais. Segundo ele, a França proíbe agrotóxicos que ainda são permitidos em países do Mercosul. “Não é uma questão de qualidade, mas de regras. Como posso exigir dos nossos agricultores que respeitem normas rígidas e, ao mesmo tempo, abrir mercado para produtos que não seguem essas mesmas regras? Isso é injusto”, justificou.

O presidente francês defendeu que o acordo seja aprimorado com cláusulas de salvaguarda e mecanismos que igualem as exigências dos dois blocos. Ainda assim, reafirmou o desejo de estreitar os laços com o Brasil e confirmou presença na COP 30, em Belém.

Em resposta, Lula ressaltou o compromisso ambiental de seu governo. “Pode ter alguém tão comprometido com o meio ambiente quanto o meu governo, mas não tem ninguém melhor“, afirmou, destacando a atuação da ministra Marina Silva.

O presidente também defendeu a abertura comercial e propôs um diálogo direto entre cooperativas agrícolas dos dois países. “Nos anos 1980 me convenceram que era preciso ter livre comércio. Agora que ficamos competitivos, querem voltar atrás? Isso não vale“, disse.

Lula encerrou a questão propondo até visitar pessoalmente os agricultores ses: “Se precisar, eu mesmo vou explicar para eles que todos ganham com esse acordo.

Defesa da democracia e críticas ao negacionismo

Como tem feito em fóruns internacionais, Lula voltou a defender uma reforma na Organização das Nações Unidas (ONU), mais investimentos dos países ricos no combate às mudanças climáticas e criticou o avanço do radicalismo e do negacionismo global. “Não é possível retroceder ao protecionismo e à fraqueza da democracia. É impressionante o crescimento da extrema direita no mundo”, alertou.

Parcerias estratégicas

Além do comércio, Lula exaltou os projetos conjuntos entre Brasil e França nas áreas ambiental, aeroespacial e de defesa. Lembrou que os dois países compartilham a maior fronteira sa fora da Europa — na Amazônia, entre o Brasil e a Guiana sa.

A agenda do presidente brasileiro na França também inclui reuniões com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, com a comunidade brasileira e participação na Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice.

Lula também visitará a sede da Interpol, em Lyon, hoje comandada pelo brasileiro Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal (PF). A organização, segundo ele, é peça-chave no combate a crimes transnacionais como o tráfico de drogas e a exploração infantil.

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2 Comentários

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  1. Está mais para uma visita de cortesia, já que Macron não pode ceder, a Europa daqui pra frente é só ladeira abaixo, e Lula sofre pressões internas ináveis por aqui. Do encontro só mesmo um caloroso aperto de mãos. O que exceder é lucro.

  2. NÃO HÁ ALTERNATIVA DIANTE DE TANTA ASSIMETRIA
    
    Desista desse acordo Mercosul – União Europeia, Lula.
    Macron está te demonstrando por linhas tortas o quanto será um erro para o Mercosul.
    A Alemanha será praticamente a única beneficiada e vai nos entulhar de produtos industrializados diversos, sobretudo, máquinas e ferramentas, num desafogo industrial diante da concorrência chinesa, e isso não é nada bom para a tentativa de reindustrialização do Brasil.
    A extrema-direita está instigando o agronegócio brasileiro a pressionar o Lula III por esse acordo, claro, vai vender mais soja, mais café, mais frango, porco e até pé-de-marreco, e em troca comprar mais maquinário e equipamentos para seus latifúndios plantations, além de entulharem suas casas grandes de produtos importados europeus diversos, pois esses oligarcas estão nem aí para o Brasil, nosso desenvolvimento humano, nossa independência e soberania nacional, já que o principal negócio das Casas Grandes e Farias Limas associadas é o rentismo financeiro e a manutenção da classe trabalhadora nas senzalas (favelas, cortiços, mocambos, comunidades).
    Enviesadamente, a França está defendendo o agro francês, que não tem escala e nem terras para competir com o Mercosul, diga-se, o Brasil, contudo, sabe que sua indústria também sairá perdendo, na competição com a Alemanha e a China/Brics+, que já estão enraizadas na América do Sul.
    Lula está fazendo papel de ‘Bobo do Agro’ e foi até levado a soltar a máxima retórica de que “o agro é o negócio do Brasil”.
    Ora bolas, qual a novidade nestes 500 anos de Brasil, caro Presidente Lula?
    A nossa ideia de Brasil do século XXI deixou de ser a re-industrialização nacional, a incorporação de ultratecnologias, inteligência artificial, datacenters, neoenergias, ecossustentabilidade e acabar com a pobreza e a fome do povo brasileiro?
    O Mercosul não terá como manter uma concorrência sustentável com a União Europeia, e esse acordo também será prejudicial às nossas pretensões no Oriente, no Brics+, na Celac e imporá barreiras para a futura ampliação do Mercosul, para uma Zona Latino-Americana e Caribenha – ‘ZALC’, essa sim muito importante a todos nós brasileiros e latino-americanos, já que a UE tem ado imperialista e colonialista inconteste e um futuro dependente de sua reinvenção histórica e retomada de domínios sobre o que já foram suas ex-colônias no Sul Global.
    Por que a África vem buscando se livrar do julgo europeu e o Lula III quer guiar o Brasil pela contramão?
    A maior parte do agronegócio brasileiro não vai mudar de lado ideológico, manterá seu pragmatismo político fisiológico-financeiro, não vota no Lula e nunca apoiará a tão necessária reforma agrária brasileira, portanto, para quê querer promover o agro business plantation brasileiro na União Europeia e possibilitar a quebra da frágil reengenharia industrial no Brasil?
    Não sei o quê pensam os demais governos dos países que integram o Mercosul, mas sigo torcendo que o Emmanuel Macron continue melando o acordo com a União Europeia e o Luiz Inácio Lula da Silva deixe de fazer papel de trouxa frente os europeus.
    Ser doutor honoris-causa, da universidade de Paris, não pode ser em troca de abrir mão das nossas causas, ideias e ideais de Nação.
    
    Viva o Brasil!
    
    Marco Paulo Valeriano de Brito

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